Quando a gente mora fora da cidade de origem e os dias vermelhos dos calendários vão se aproximando, a vontade de colinho de mamãe vai surgindo do nada e se torna incontrolável... resultado: Vou para Coronel.
E foi assim que no feriadão de finados resolvi visitar minha família lááá no esquecido sudoeste do Paraná, e relembrado pela Bozena (de Toma lá da cá).
Então, já em Cvv beach, resolvemos ir ao cemitério rezar no túmulo do meu nono (percebe-se que sou italiano).
Embarcamos em nosso fusca verde metálico, ano 73: meu pai, minha mãe e eu (com as pernas encolhidas no banco de trás), e fomos até a casa de minha nona (Dona Santa), que recebia a visita de minha tia (Vanilde), então, todos resolvemos ir ao cemitério rezar, afinal, no dia de finados havia chovido tanto que mal saímos de casa. E foi assim que nosso fusca encarou a grande missão de carregar todos nós até o destino.
Alguém já ouviu aquela piada que pergunta como se faz para colocar cinco elefantes dentro de um fusca? E foi assim, três atrás e dois na frente. Na direção Valdir, pesando aproximadamente 110kg, no banco do carona, Dona Santa em seus 100 kg. Bancos traseiros: Atrás do motorista, pesando quase 100 kg, tia Vanilde, no meio Alice (minha mãe), em seus 60kg, e para finalizar: César, com seus sofridos 65 kg. Aquele fusca foi muito corajoso, e aos trancos e barrancos chegamos ao cemitério, VIVOS! Lá, como de praxe, foi aquela velha história de sempre: meu pai e eu com o destino diretamente focado no túmulo do meu nono, enquanto isso Dona Santa ia atualizando sua relação de conhecidos que partiram dessa pruma melhor. Finalmente, após várias paradas, chegamos ao túmulo, e logo minha mãe disse:
- Vamos então, rezar uma dezena do terço para o Sogro;
Rapidamente falei em seus ouvidos:
- Isso mesmo mãe, uma dezena ta bom, senão a gente não sai mais daqui hoje! (Eu gosto de ir ao cemitério, mas não em uma tarde de sol insuportável e vestido de preto).
Eu mal sabia, mas estava prestes a vivenciar mais uma história de minha nona ehhehe
Então ficamos em forma de semicírculo: Eu, pai, mãe, nona e tia.
E começou o terço... e eu, só de olho na minha nona pra ver o que ela iria fazer (foi instintivo).
Todos: "Ave Maria cheia de graça, o senhor é convosco, bendito sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre Jesus... Santa Maria (E eu de olho na minha nona: ela balançava pra cá, olhava pra lá, arrumava o óculos e rezava), mãe de Deus rogai por nossos pecadores, nisso ela disse: Ali em cima ta mofado, tem que mandar limpar agora e na hora de nossa morte, amém. (Eu queria morrer de tanto rir, mas não podiaaaaaaaa. Ela interrompeu a reza pra dizer aquilo? auhauhauhua) E o baile continuou... Creio em Deus pai todo poderoso, criador do céu e da terra (nisso a nona erguei sua mão, olhou suas unhas e disse) olhe minhas unhas Vanilde em Jesus Cristo seu único filho... iauhuahuahuhauhauhuahuha
Sei que pode parecer sem graça ler essa história, pois transformar em texto as falas da minha nona é quase missão impossível, mas mesmo assim acho que deu para entender como é estar com a minha família num feriado. Cada coisa que a gente vê e ouve... é como dizem: melhor ouvir certas coisas do que ser surdo ehehhe
Eu me divirto.